Sábado, 6h35. Toca o despertador. Num susto, pulo da cama sem nem pestanejar. A cena, a contragosto do Léo, se repete toda semana. Não que ele se incomode com o barulho do relógio; acho que nem ouve. Fica indignado é com o propósito de eu me levantar tão cedo quando não precisaria. É que não gosto de chegar tarde à feira de produtores aqui perto de casa. Tarde, nesse caso, significa depois das 7h. Mas tem gente que às 5h30 já está lá. E, na cabeça do Léo, isso é injustificável. “Por que não abrem os portões às 8h? Assim, para esse corre-corre de chegar lá cada vez mais cedo”, diz sempre ele, inconformado com a tradição das feiras montadas na madrugada.
Mas não me convence. Não quero correr o risco de ficar sem alguma das preciosidades que encontro por lá e, muitas vezes, são raríssimas e disputadas mesmo. Leva quem chegar antes! Esta semana quase não chego a tempo de pegar a última couve-flor roxa, uma lindeza só, que nunca tinha visto. Colheita da Nina, uma das produtoras de orgânicos que já virou amiga e sempre tem novidades. E eu não resisto a uma novidade na feira, mesmo que, num primeiro momento, ainda nem saiba muito bem o que fazer com ela. Outro dia arrematei um maço de pariparoba, um desses matos de comer que a gente descobre de vem em quando. E nem precisa de Google para saber o que é, pra que serve, como preparar. Feira é bom por isso: a troca é constante, logo aparece alguém que conhece a verdura, te ensina uma receita boa e os benefícios dela para a saúde. E foi assim que a pariparoba virou um dos meus chás favoritos deste inverno, além de fazer um ótimo charutinho com arroz e verduras.
Depois da “caça às novidades do dia” na feira, vou em busca do básico, aquelas verduras mais comuns e que são abundantes na estação. Como estão na época, são sempre vistosas, mais gostosas, nutritivas e baratas! Agora, por exemplo, sempre tem couve, repolho, acelga, inhame, cenoura. Cenoura, aliás, tem praticamente o ano inteiro mesmo lá na feira orgânica. E toda semana trago um maço delas — acho um charme aquelas ramas (que fazem um pesto delicioso ou as vezes da salsinha num refogado). Num dia, estão menores e mais doces; noutro, firmes e maiores. Esta semana estavam diferentes: longas, esbeltas, lindas, daquelas que dão até vontade de fotografar. Tinha até algumas amarelas! Provei ao chegar em casa e estavam doces, tenras, recém-saídas da terra. A vontade era de comê-las cruas para aproveitar tanto frescor.
As que não foram devoradas logo guardei. Mereciam ser protagonistas de uma refeição da semana. Queria algo simples, que justamente apenas realçasse o sabor delas; então, pensei em assá-las. Para mim, todos os legumes ao forno ficam mais gostosos, principalmente os mais adocicados, que caramelizam. E não precisa de muito: apenas sal, azeite, tomilho (par perfeito para cenouras). Mas ali no canto da cozinha tinha uma garrafa de sakê que sobrou do fim de semana. Pronto: foi junto para o forno, ficou uma delícia e deu aquele charme a mais ao prato. Tão gostoso e fácil de fazer que não resisti e já fiz de novo.
- 8 cenouras
- 2 colheres (sopa) de azeite
- 5 ramos de tomilho
- ⅓ de xícara (chá) de saquê
- sal
- Preaqueça o forno a 190 °C.
- Numa assadeira grande, distribua as cenouras. Se elas estiverem muito grossas, pode cortá-las ao meio (no comprimento).
- Tempere-as com sal, tomilho e azeite. É importante colocar o azeite por cima das ervas para elas não queimarem ao forno.
- Misture bem.
- Junte o saquê.
- Leve ao forno para assar por cerca de 30 minutos, até as cenouras caramelizarem e ficarem macias, douradas e deliciosas.
- Vire as cenouras para dourarem do outro lado e deixe por mais 5 minutos.
- Sirva quente ou morno.
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