Tá bom, ele é feioso, peludo, pouco atraente mesmo. Um monte de gente torce o nariz para o coitado. Mas eu sou uma apaixonada por inhame! Para falar a verdade — e causar polêmica, já sei —, gosto muito mais de inhame que de batata. Acho a textura interessante, o sabor tem mais personalidade, mesmo sendo neutro, e é um coringa na cozinha: faz purê, transforma sucos em vitaminas, vira uma pastinha tipo maionese, ajuda a dar liga em bolos e brownies, muitas vezes substituindo farinhas. Enfim, tem um monte de jeito gostoso de quebrar o preconceito e dar uma chance ao inhame.
Até porque ele faz um bem danado à saúde. Cresci ouvindo minha mãe dizer que inhame depura o sangue e é ótimo para a imunidade. Tanto que é considerado medicinal e já foi usado até para tratar sífilis e como prevenção à malária e à febre amarela, como ensina a querida Sônia Hirsch. Mais um motivo para ele entrar no nosso cardápio e não ficar só na batata de sempre. Tudo bem, não implico mais com a batata!
Aliás, esta receita, que hoje é um dos meus jeitos preferidos de comer inhame, foi inspirada em um prato clássico com, veja bem, batatas! Batatas ao murro são uma delícia e, de vez em quando, faço aqui em casa. Elas são cozidas, amassadas com um murro, literalmente, e depois assadas com sal, azeite e ervas como alecrim, tomilho e orégano.
Com a mesma técnica, faço inhames ao murro, com casca e tudo. E fica delicioso! Parece estranho, de início dá uma certa agonia pensar em comer aqueles pelinhos da casca, eu sei, mas, juro, quando assados, eles somem. Pode acreditar! Lavar a casca com uma escovinha ajuda também a tirar os pelos maiores. Sem traumas! Os inhames ao murro ficam com a casquinha crocante e a polpa cremosa. Eu adoro assim, mas passei a gostar ainda mais dos inhames crocantes, um daqueles incidentes de cozinha que acabam se saindo melhor que o original.
Um dia deixei os inhames cozinharem um pouco mais e, quando fui amassá-los, ficaram bem achatados. Levei ao forno e, surpresa, viraram uma “massa” sequinha, muito crocante, quase um biscoitinho. Delícia demais! Fica ótimo para comer com pesto, homus, tahine, um refogado de pimentões com páprica e cominho… Ou para comer sozinho mesmo. Mas, já vou avisando, é daquele tipo que não dá para comer um só. Eu, pelo menos, não consigo. Enquanto escrevia a receita aqui, acabei com a assadeira inteira que fiz para o almoço!
- 12 inhames bem pequenos ou 5 médios
- 2 colheres (sopa) de azeite
- tomilho ou alecrim fresco
- sal marinho fino e sal grosso ou flor de sal (para salpicar)
- Lave os inhames com uma escovinha para tirar o excesso de pelos.
- Coloque-os numa panela grande com água até cobri-los e 1 colher (chá) de sal.
- Leve ao fogo por cerca de 25 minutos. Eles devem ficar bem macios, mas sem desmanchar.
- Preaqueça o forno a 200 °C.
- Escorra os inhames e seque-os. Se forem grandes, corte cada um na metade (na horizontal). Coloque-os, um por um, numa tábua e cubra com um pano de prato. Amasse cada inhame com um murro, até que fique bem achatado. Quanto mais espalhado ele ficar, mais crocante ficará depois de assado. É importante deixar a casca, ela vai ajudar na crocância também.
- Passe os inhames com cuidado para uma assadeira grande.
- Tempere com sal, ervas frescas e regue com azeite. Eu gosto de salpicar um pouco de sal grosso ou flor de sal por cima, pois ajuda a deixar a casquinha mais crocante.
- Agora é só levar ao forno por cerca de 25 minutos, até os inhames estarem bem sequinhos e crocantes.
Deixe um comentário