Eu sempre tenho algum molho na geladeira, pronto para ser usado. É um quebra-galho ótimo para mudar a cara de qualquer salada, dos legumes do dia a dia (dos assados, então…) ou mesmo de peixes e frutos do mar. Às vezes faço um vinagrete básico com azeite e um cítrico (que dá para incrementar na hora com ervas frescas), um molho com mostarda caseira ou algum tipo de pesto, que aqui em casa é sempre sem queijo e, muitas vezes, até sem castanhas, como uma salsa verde.
Vario muito as folhas ou ervas do pesto. Rúcula, coentro, salsinha, hortelã, ramas de cenoura, brócolis (um dos meus preferidos), folha de beterraba, ora-pro-nóbis… Mas não tinha feito ainda com o meu verde favorito, a taioba. Cresci comendo taioba ou couve refogada com alho quase todo dia. Delícia demais! A taioba é macia, um tanto adocicada e superversátil. Dá para fazer purês (fica ótimo com inhame ou cará), sopas, refogados, pães, embrulhar peixes para assar… Mas pesto mesmo ainda não tinha feito.
Até que outro dia vi a ideia em um post da Lis Cereja, com uma combinação interessante: taioba e baru, uma castanha típica do Cerrado, que, para mim, lembra um pouco amendoim, mas muito mais gostosa (e sem ser tão alergênica). E resolvi testar, então, para acompanhar o crocante de polenta que fiz pro aniversário do meu marido. A dupla fez sucesso aqui em casa e com os amigos. Tanto que já repeti várias vezes. Em vez de baru, já fiz com avelãs e amêndoas tostadas e também ficou delicioso.
A única diferença deste pesto para os outros é que as folhas da taioba precisam ser branqueadas. Ao contrário da couve, por exemplo, que pode ser consumida crua, as folhas e o tubérculo da taioba (que também se come e tem gosto parecido com inhame) precisam ser cozidos ou assados por causa da alta concentração de oxalato de cálcio, que pinica demais a garganta. Uma vez a moça que trabalhava aqui em casa me trouxe uns tubérculos da taioba de presente. Eu nunca tinha comido. Na região dos meus pais, lá em Minas, só as folhas são usadas. Na região dela, porém, no norte do estado, o comum é cozinhar as “batatas” da taioba. Curiosa, então, resolvi assá-las. E, apressada, fui provar antes da hora. Resultado: fiquei com a garganta coçando pra caramba e me deu até sensação de sufocamento. Na hora, percebi que era do oxalato de cálcio, bebi bastante água e ficou tudo bem. Mas o sufoco foi o suficiente para aprender a lição: taioba, principalmente a “batata”, sempre bem cozida. Para as folhas, basta passá-las em água fervente e depois em água fria para parar o cozimento.
Este pesto combina superbem com qualquer coisa: palitinhos de cenoura e salsão, uma massa, peixes, saladas, batata-doce assada, pães, mas acho que fica especialmente bom com milho. Tá bom, estou puxando a brasa para minhas raízes mineiras, mas experimente por cima de um angu molinho ou com o crocante de polenta e depois me conte!
- 3 folhas médias de taioba
- ¼ de xícara de baru descascado
- 1 dente de alho picadinho
- caldo de ½ limão
- cerca de ⅓ a ½ xícara de azeite
- sementes de coentro (opcional)
- sal
- Coloque água em uma panela média e leve ao fogo. Quando ferver, mergulhe as taiobas por alguns segundos, só até ela mudar de cor (verde vivo) e textura (mais macia).
- Retire e passe-as imediatamente sobre água fria corrente ou mergulhe numa tigela com água e gelo.
- Corte o talo grosso das taiobas e esprema o excesso de água.
- Na tigela do mixer ou do miniprocessador, junte a taioba, o baru, o alho picadinho, o limão, a semente de coentro (se estiver usando), uma pitada de sal e cerca de ⅓ de xícara de azeite. Bata bem, até ficar homogêneo.
- Se quiser uma textura mais leve, acrescente mais azeite e bata.
- Prove e ajuste os sabores.
- Conserve na geladeira. Dura até uma semana.
Deixe um comentário